Muito embora a visão instrumentalista do ensino seja reforçada pelas urgentes demandas da sociedade capitalista, a universidade é muito mais do que uma ponte para o diploma. A universidade, em verdade, é (ou pode ser) a experiência fundante do ser social. Acolhe, em sala de aula, assim como na relação entre docentes, discentes e funcionários, a tradução da realidade social que parece estar para fora de seus muros. Mas não. Isso por que, nesse espaço se reproduzem as mesmas contradições que se manifestam do outro lado. É tipo: estudante < professor; patrão > trabalhador; homem > mulher; heteronormatividade > LGBT's. Sacaram? Pela relação entre todos os agentes da vida acadêmica, perpassam as mesmas noções de categoria, classe, gênero e sexualidade construídas e reforçadas do lado de fora. 

Tais contradições, quando reveladas, introduzem nas pessoas que ocupam o lado institucional e politicamente mais fraco das relações, um sentimento de irresignação. E esse é o outro elemento imprescindível à resistência.  A partir disso, compreende-se a existência dos Diretórios Acadêmicos, do Diretório Central dos Estudantes e da representação discente nas instâncias da Universidade, como Colegiados, Departamentos, Conselhos. 

No Curso de Direito, o D.A. são braços abertos à espera de estudantes ativ@s. E o que isso significa?. Sabe aquele comentário machista ou homofóbico ou racista (ou tudo isso junto) d@ professor@ em sala de aula? Sabe aquele assédio velado por parte dele? Sabe quando você percebe, menina, que é constantemente interrompida quando está falando? Sabe quando você se dá conta de que a universidade, assim como a vida fora dela, pode lhe ser tóxica e despertar em você acessos constantes de mal estar, angústia e uma sensação latente de não pertencimento? Sabe quando você se dá conta de que metade dos seus colegas acredita que racismo e sexismo não existem? Sabe quando você verifica que a “educação bancária”, baseada no mero fornecimento e reserva de informação, é a metodologia de ensino adotada em sua universidade e que isso te impede de pensar criticamente, na medida em que você passa a acreditar que já não sabe “aprender”? Pois bem, essa é a realidade e isso é o sistema. O Diretório Acadêmico tem um compromisso político de se posicionar de forma contra-hegemônica, lutando por um curso que forme, antes de profissionais, pessoas. E pessoas que pensem criticamente o Direito, ou seja, não ignorando a realidade social na qual ele se constrói e se transforma e onde tod@s nós estamos inserid@s. Pensar criticamente o Direito, portanto, parte do pressuposto de que somos sujeit@s e não objeto.

Em linhas conclusivas, senhor@s, devemos dizer que o relativismo, em meio a uma autopercepção individualizada, será tentador. Por isso, alertamos: desconfiem de toda tentativa de atribuir imparcialidade às existências. As pessoas têm classe social, raça, gênero, orientação sexual e tudo isso se consubstancia em experiências que, mesmo tendo sua dimensão individual, são, histórica e politicamente, coletivas.

Mas, vem cá, e você? Se interessou por essa atuação engajada? Tá a fim de dar concreção a esse interesse? Conheça o Diretório Acadêmico de Direito da UEFS! Venha fazer parte dessa construção autogestionada, venha propor e ser a mudança que você quer ver! Venha fazer sua ContestAÇÃO! E lembre-se: a liberdade não é um presente, é uma conquista! Saudações feministas a tod@s vocês! 

DIRETÓRIO ACADÊMICO DE DIREITO